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A Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica de Moçambique (UCM), acolheu no dia 7 de junho um encontro de reflexão promovido pelo Instituto para Democracia Multipartidária (IMD) em parceria com a UCM.

O encontro de reflexão sobre os “Mecanismos e modelos locais de promoção de Paz e Reconciliação em Moçambique”, insere-se na iniciativa Propaz, o mesmo tem o objectivo de auscultar diferentes actores da sociedade na busca de modelos e mecanismos existentes ao nível das comunidades que contribuem para o reforço da Paz, desde a dimensão cultural, política e económica.

Falando durante a abertura do evento em representação do Magnífico Reitor da UCM, o Professor Doutor Armindo Tambo, Vice-Reitor para Administração e Finanças, explicou que acolher o ciclo de reflexão, reveste-se de particular importância e relevância, dado que a promoção da Paz e da Reconciliação implica que, todos, nos sintamos implicados e envolvidos. 

Na continuidade do seu discurso, o Vice-Reitor sublinhou que enquanto instituição do ensino superior, a UCM tem a responsabilidade de contribuir com ferramentas cognitivas, para um debate de pressupostos e mecanismos que possam garantir a consolidação da paz, um processo complexo e com matizes sociais conflituantes, salientando que não basta ter conhecimento da necessidade que todos sentem perante o referido desafio, é necessário saber usar a sensibilidade ética e o sentido de responsabilidade, para dar uma resposta solidária e comprometida.

Citando o Santo Padre, Papa Francisco, o Professor Dr. Armindo Tambo, destacou que o diálogo político, cívico, cultural e inter-religioso é uma plataforma de construção de um mundo de justiça social para todos, o que contribui para a promoção da fraternidade universal.

Sobre a Paz e reconciliação, o representante do Magnífico Reitor, alertou sobre a necessidade de buscar-se soluções pacíficas e duradouras, que garantam a dignidade e os direitos das pessoas afectadas. É preciso cultivar a resiliência, a tolerância, a compaixão e o diálogo, acrescentou, ao invés de alimentar o ódio, a vingança e a violência.

Intervindo na ocasião, Dércio Alfazema, Director de programas do Instituto para Democracia Multipartidária – IMD, frisou que a paz em Moçambique não pode depender apenas de acordos políticos, sendo por isso necessário a inclusão de mais alicerces que tornem as comunidades mais unidas sem condições que permitam a fácil instabilidade local.

O representante do IMD, acrescentou que em Moçambique a manutenção da Paz está em construção, e justificou sua tese olhando para a falta de confiança entre os actores políticos, que chegam a assinar acordos sem acreditar na sua implementação.

Presente no evento, Stella Zeca, Secretária de Estado em Sofala, referiu que a busca pela paz efectiva é tarefa de todo povo moçambicano, acrescentando que é necessário cultivar uma educação voltada para paz.

No evento, o Professor Samuel Simango, Docente da Faculdade de Economia, foi um dos oradores, este partilhou o seu saber, em torno das “Lições e os caminhos para uma agenda de paz e reconciliação em Moçambique”. O professor Simango, começou por partilhar que temas ligados a Paz, fazem parte dos estudos feitos pelo Centro de Investigação Santo Agostinho.

No decorrer da sua explanação, o académico que a educação pode garantir um relacionamento saudável entre os homens, sendo para tal necessário aplicar os métodos adequados, isto é, educar para a paz. Em relação aos caminhos para uma agenda de Paz, o orador sublinhou que a paz exige uma mudança de atitude, onde o homem passa a olhar o outro como irmão.

O docente da Faculdade de Economia e Gestão, continuou a sua alocução recordando que a reconciliação e paz verdadeira só serão possíveis, se haver uma compreensão da sociedade e dos actores políticos, de que a política tem como objectivo fundamental, a busca do bem comum e não apenas a conquista e manutenção do poder para a sobrevivência de interesses individuais ou de grupos. 

O Sociólogo e académico, Pedrito Cambrão, foi também um dos oradores do evento, este citando o Papa Paulo VI, explicou que o desenvolvimento é o novo nome da Paz, o que na sua opinião, a paz só será alcançada se não houver assimetrias, exclusões, descontentamentos, intolerâncias. Este orador, disse em entrevista aos órgãos de comunicação, que a democracia implica a participação de todos, lamentando o facto de os parlamentares não representarem os interesses do povo, mas sim os interesses partidários, o que compromete a participação política de todos.  

Ainda nesta sessão, o Dr. Luís Quepe,  académico e economista falou sobre a dimensão económica das iniciativas locais para o reforço e a promoção da paz e reconciliação no país, enquanto que António Garcia, músico e humorista, falou sobre a dimensão sócio-cultural.       

Durante à auscultação sobre os mecanismos e modelos de promoção de paz e reconciliação, houve sessões de partilha de iniciativas locais, onde participou um líder comunitário, um ex-combatente e um membro da sociedade civil.

Este encontro é o primeiro dos Onze (11) programados que irão decorrer em todo País, para alem dos encontros regionais e nacionais, juntando autoridade locais, sociedade civil, partidos políticos, académicos, líderes comunitários e religiosos, artistas e estudantes.

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